De lá para cá, a situação ainda se encontra pior. O vidro é um dos maiores causadores de focos de dengue; tem um risco grande de acidentes por corte; agrega um fator de poluição importante e é um dos maiores percentuais de conteúdo no lixo urbano.
Mesmo assim, e ainda sendo reciclável, não encontra descarte coerente na maioria das cidades. É preciso pensar melhor quanto a esse problema!
Reciclagem de vidro cai 20% em 10 anos na capital
11/06/2011
Por Pedro Paturle
Por Pedro Paturle
Aconteceu no dia 08 de junho a Série Diálogos sobre “Resíduos Vítreos”, no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR). Especialistas no assunto falaram sobre o tema e convidaram a plateia para um debate aberto.
O
engenheiro ambientalista Itamar Gomes Cabral, coordenador do Nepes
(Núcleo de Projetos Especiais da Regional Nordeste da PBH) falou sobre “Novas perspectivas para a reciclagem de vidro em Belo Horizonte”.
Cabral afirmou que a cidade ainda não tem
uma destinação sócio-sustentável para o vidro, que é feito de sílica e
obtido da areia. “BH está inclusive abaixo da média brasileira de
reciclagem do vidro”. Nossos números são literalmente vergonhosos”,
acrescentou. “Por que o catador não se interessa pelo vidro? Pela
dificuldade de armazenamento e manejo”, disse. O engenheiro apresentou
dados que mostram que a quantidade de vidro coletada pelo gestor
público, em parcerias com as associações, diminuiu nos últimos dez anos,
enquanto o consumo aumentou.
Em dez anos a geração de resíduos
aumentou 700 toneladas por dia. A geração de resíduos vítreos também
aumentou bastante, apresentando crescimento de quase 50%. Na contramão
da geração está a reciclagem desse tipo de resíduo. No mesmo período
avaliado, a quantidade de embalagens de vidro encaminhadas para
reciclagem diminuiu em 20%.
Ano 2000 | Ano 2010 | |
População (Belo Horizonte) | 2.238.526 hab. | 2.375.444 hab. |
Geração de resíduos (toneladas) | 1600 ton/dia | 2300 ton/dia |
Geração de vidros | 59 ton/dia | 85 ton/dia |
Coleta do vidro prefeitura e parceiros | 3,4 ton/dia | 2,7 ton/dia |
Fonte: PBH
Segundo o engenheiro, a capital mineira
possui mais vocação geoeconômica para o beneficiamento do vidro do que
para a reciclagem desse material. De acordo com os dados apresentados, o
vidro beneficiado (triturado mecanicamente em prensas industriais)
reduz em cerca de 2/3 o valor do frete, o grande vilão da negociação do
material no mercado. “O frete é o custo mais importante na cadeia do
vidro. A coleta precisa ser viável econômica e ambientalmente, para que a
logística reversa não se torne perversa.”
Cabral explicou que o vidro é a primeira
embalagem moderna. Contou que há 120 anos o problema da coleta do vidro,
que permanece até hoje, era noticiado pelo jornal Gazeta de Notícias.
Fez comparações entre outros tipos de embalagens e as de vidro. “De
todas as embalagens modernas, a que mais demora a se degradar é o vidro,
que leva mais de 1000 anos. Mas não nos importunamos com ele. O vidro
não boia, não entope bueiros, não é levado pelo vento, a tartaruga não
come embalagens de vidro”, disse.
Ao longo da palestra, Cabral destacou a
importância do catador de material reciclável na sociedade. “Sem o
catador, não existe intermediário entre quem consome e o que é
reciclado. Deixemo-nos explorar pelo catador.” Ao final, anunciou que em
três meses, uma empresa de beneficiamento de embalagens de vidro deverá
ser instalada na cidade (o nome não foi divulgado). Segundo Cabral, a
vinda dessa empresa será um avanço muito grande na proposta de coleta
seletiva de vidro em Belo Horizonte.
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