Ciência ambiental: não troque as sacolas plásticas ainda
Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/12/2010
Bio é sempre bom?Os sacos plásticos estão literalmente por toda parte. Embora aqueles usados para embalar produtos nos supermercados sejam o alvo preferencial dos ambientalistas, eles estão em praticamente todos os produtos vendidos no comércio.
Infelizmente, eles estão também pelas ruas, bueiros e nos lixões, uma vez que a estrutura de reciclagem é muito deficiente.
A substituição desses sacos plásticos por bioplásticos tem sido alvo de grandes discussões, havendo pesquisadores que afirma que as "leis das sacolas plásticas" erram o alvo.
Contudo, os reais benefícios ambientais, assim como eventuais desvantagens, da substituição dos plásticos por bioplásticos ainda não estão totalmente claros.
Por isso, Hsien Hui Khoo e seus colegas do Instituto de Engenharia e Ciências Químicas de Cingapura decidiram fazer uma avaliação do ciclo de vida das sacolas feitas com bioplásticos para verificar se elas são mesmo boas para o meio ambiente.
Avaliação do ciclo de vida
A avaliação do ciclo de vida (ACV) é uma técnica usada para analisar os impactos ambientais associados a todas as fases de um processo produtivo, com a elaboração de um inventário da energia e dos recursos consumidos e das emissões e dos resíduos gerados na produção de um determinado produto.
Os pesquisadores usaram a ACV para comparar o uso de sacolas feitas de polihidroxialcanoato (PHA) - um bioplástico à base de amido de milho - em relação às tradicionais sacolas de polietileno. O polietileno é atualmente o material mais usado para a fabricação de sacos de plástico.
A produção de sacos de polietileno requer a extração e refino de combustíveis fósseis, a conversão dos combustíveis fósseis em polietileno e a extrusão do polietileno em sacos plásticos.
Os pesquisadores calcularam que 1,22 kg de petróleo bruto, 0,4 kg de gás natural e 48 megajoules de energia são necessários para produzir 1 kg de sacolas de polietileno.
O PHA, por outro lado, é um bioplástico feito a partir do amido de milho. A produção das biossacolas de PHA envolve o cultivo de milho, colheita, moagem úmida e fermentação.
Os pesquisadores calcularam que 4,86 kg de milho e 81 megajoules de energia são necessários para produzir 1 kg de sacolas de PHA.
Desafios para os bioplásticos
De forma sobremaneira inesperada, Khoo e sua equipe descobriram que a energia consumida na produção das sacolas de PHA é 69% maior do que a energia gasta na fabricação das sacolas de polietileno.
Embora o cultivo de milho possa ajudar a compensar emissões de carbono através da fotossíntese, os pesquisadores descobriram que a fabricação das sacolas de bioplástico exige maior consumo de energia durante a produção em comparação com produção de sacolas de polietileno.
Eles concluem que os sacos de PHA somente podem ser considerados ambientalmente amigáveis se o processo de produção for feito utilizando energias renováveis.
Finalmente, os cientistas advertem que, antes que os biomateriais sejam considerados como alternativas sustentáveis aos plásticos convencionais, alguns desafios precisam ser superados: "A questão principal reside na redução da demanda de energia para a conversão da biomassa em [materiais com] propriedades semelhantes às dos plásticos," afirmaram.
E agora? Abre-se a discussão, pois afinal, interesses financeiros não podem ser balizadores de leis que visem a preservação do meio ambiente. Com a palavra, o senhor prefeito Marcio Lacerda...
1 comentários:
Meio ambiente, resíduos sólidos, consumo, hábitos, custo e as sacolas de plástico.
Estes temas são recorrentes em debates ambientais, plenários políticos e na sociedade civil. A polêmica sobre o uso das sacolas ganha novas interpretações e discursos, porém, entre os consumidores do produto, ainda traz dúvidas quanto à sua viabilidade de uso ou banimento.
Entendo que todos os sacos e sacolinhas de plástico causam impacto no meio ambiente. A melhor solução seria utilizar um saco de algodão centenas de vezes, provavelmente por anos.
O grande problema relacionado às sacolinhas plásticas talvez esteja no desperdício, descarte, duplicidade e subutilização do produto. A população deve ser incentivada à buscar soluções baseadas na educação e não no banimento e no cerceamento do uso. Vejo a educação como o caminho para uma sociedade responsável e com consciência sobre sustentabilidade, baseada na racionalidade e na responsabilidade compartilhada.
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